Quais substâncias os personagens de games ‘consomem’ e quais são seus efeitos durante o jogo?

O uso de substâncias químicas com o objetivo de modificar estados de consciência, aumentar criatividade e performance ou mesmo com finalidades recreativas é tão antigo quanto a própria humanidade.

Hoje vivemos em uma sociedade na qual o consumo de drogas (sejam elas lícitas – incluindo medicamentos – ou ilícitas) é crescente. Isso advém, em parte, do papel central que os medicamentos ocupam no âmbito da saúde no ocidente e do anseio humano em buscar uma “pílula mágica”, capaz de resolver seus problemas, ampliar sua percepção ou aumentar seu rendimento.

Portanto, se na sociedade temos a presença destas substâncias sendo utilizadas cotidianamente, com certeza isso se reflete na arte e na cultura pop. E isso inclui os games.

Em diversas narrativas e estilos de jogos podemos observar a presença de “power-ups”, magias, poções e outros itens cujos efeitos, de certa forma, inspiram-se ou mimetizam (com maior ou menor fidedignidade) as ações de drogas e fármacos reais em nosso organismo. Muitas dessas “drogas virtuais” também promovem efeitos de tolerância e dependência – seja no seu avatar virtual, ou no próprio jogador que habitua-se a utilizar determinados itens sem os quais não consegue mais prosseguir no jogo.

Toad: “-Ei, você, bigodudo. Na minha mão esses cogumelos custam só uma moeda!”

Para compararmos o ambiente virtual e real vamos dividir as drogas reais em três grandes grupos, que orientarão os próximos posts:

1) Drogas Depressoras do Sistema Nervoso Central: substâncias que inibem ou reforçam a inibição do sistema nervoso central, provocando sedação, sono, perda de reflexos, redução na ansiedade, redução na dor, etc. Podem ser incluídos aqui: Álcool, analgésicos opioides (como a morfina e heroína), benzodiazepínicos (como o Diazepam), entre outros.

2) Drogas Estimulantes do Sistema Nervoso Central: substâncias que aumentam a neurotransmissão e atividade do sistema nervoso central, podendo aumentar foco e concentração, aumentar batimentos cardíacos, provocar ansiedade ou até mesmo surtos psicóticos. Podem ser incluídos aqui desde a cafeína, passando pela ritalina e chegando à cocaína e drogas anfetamínicas como a metanfetamina.

3) Drogas Perturbadoras do Sistema Nervoso Central: aqui entram as drogas que podem, de alguma forma, alterar o estado de consciência do indivíduo, levando à alterações sensoriais, de tempo e de espaço, incluindo as alucinações. Fazem parte desse grupo os alucinógenos (cogumelos, LSD, Hoasca, mescalina), bem como as anfetaminas psicodélicas (como o ecstasy) e a maconha.

Sendo assim, será que os cogumelos do Mario possuem algumas características em comum com cogumelos reais? As substâncias químicas que melhoram sua performance em Fallout, mas provocam abstinência após o uso repetido podem ser comparadas a quais drogas? Existem jogos mais realistas que utilizam a representação de drogas reais em seu contexto?

E mais importante que isso: vamos explicar resumidamente como essas substâncias químicas reais atuam no seu corpo e como as virtuais devem estar atuando no organismo digital do seu personagem favorito.

Na parte 2 deste guia abordaremos as drogas Depressoras e seus correspondentes virtuais, fique de olho!