Se você acha que a fome excessiva e olho vermelho são as únicas consequências que o usuário de maconha enfrenta, uma pesquisa revela que o cérebro muda (e muito!) com o uso precoce da droga.

Pesquisadores do Center for BrainHealth na Universidade do Texas, em Dallas, investigaram estas mudanças. Em um artigo publicado recentemente na revista Developmental Cognitive Neuroscience, os cientistas descrevem como o uso de maconha e a idade em que o uso é iniciado podem alterar de forma prejudicial as estruturas cerebrais.

A conhecida larica (ou fome excessiva) é a mais famosa das consequências do uso da maconha

A fome excessiva é a mais conhecida das consequências a curto prazo. (Fonte)

Os resultados mostram que o adolescente que começou a usar maconha com 16 anos ou mais jovem, teve variações cerebrais que indicam desenvolvimento mais atrasado no córtex pré-frontal do cérebro, a parte responsável pelo julgamento, raciocínio e pensamento complexo. Os indivíduos que começaram a usar maconha depois de 16 anos de idade tiveram o efeito oposto, com sinais de envelhecimento precoce do cérebro.

Figura que mostra posição do córtex pré-frontal, área afetada no uso crônico da maconha. Fonte: http://clickeaprenda.uol.com.br/portal/mostrarConteudo.php?idPagina=28541

Afetar o córtex pré-frontal é uma das consequências do uso da maconha precocemente (Fonte)

“A ciência tem nos mostrado que as mudanças no cérebro que ocorrem durante a adolescência são complexas. Nossos resultados sugerem que o momento de início do consumo de cannabis pode resultar em padrões muito diferentes de efeitos”, explicou Francesca Filbey, Ph.D., pesquisadora principal do Behavioral and Brain Sciences at the Center for BrainHealth. Observaram que não somente a idade de início, mas também a quantidade de cannabis influenciava o grau de amadurecimento do cérebro.

A equipe de pesquisa analisou ressonâncias magnéticas de 42 usuários frequentes; vinte participantes foram classificados como usuários de início precoce, com idade média de 13 anos. De acordo com os relatos, todos os participantes, com idades entre 21-50, começaram a usar maconha durante a adolescência e continuaram durante toda a vida adulta, fazendo o consumo ao menos uma vez por semana.

Personagem Magali, da turma da mônica, aparece em um quadrinho com saco de ervas suspeito, o que justificaria sua fome excessiva. Fonte: http://www.satirinhas.com/2015/07/o-saquinho-suspeito-da-magali/

Pô Magali ! (Fonte)

Os resultados das ressonâncias revelaram que os usuários precoces de marijuana apresentavam maior espessura cortical e menos “rugas”, em comparação com os usuários de início tardio. Isto indica que quando os participantes começaram a usar maconha antes dos 16 anos, a extensão da alteração cerebral foi diretamente proporcional ao número de uso semanal de maconha em anos e gramas consumidos. Em contraste, aqueles que começaram a usar maconha depois de 16 anos de idade apresentaram alteração cerebral que normalmente se manifesta mais tardiamente na vida.

Mudanças nos padrões no córtex pré-frontal são mostradas através de ressonâncias magnéticas de crânio. Fonte: http://www.sciencedaily.com/releases/2016/02/160210135334.htm

Mudanças nos padrões no córtex pré-frontal se relacionam com a idade de início. (Fonte)

Apesar da onda legalista, que taxa a maconha como droga “natural” em detrimento do álcool, verificou-se efeitos cerebrais maiores do que os relacionados com o álcool e idade. Estes resultados seguem a linha da literatura atual, que sugere que o consumo de cannabis durante a adolescência pode ter consequências a longo prazo.

O estudo mostra que os efeitos da maconha seriam piores que o álcool para o cérebro a longo prazo. Fonte: https://www.clinicaquintino.com.br/blog/maconha-ou-alcool-o-que-e-pior-para-a-saude/

O estudo mostra que os efeitos da maconha seriam piores que o álcool para o cérebro a longo prazo. (Fonte)

Estudos futuros podem explorar as alterações de aprendizado e comportamento associados à mudança estrutural do cérebro e uso de drogas.

 

 

Fonte: Sciencedaily