“Perdemos todo o sentimento de solidariedade. Mal nos reconhecemos quando a nossa imagem de outrora cai debaixo do nosso olhar de fera perseguida. Somos mortos insensíveis que, por um estratagema e um encantamento perigoso, podemos ainda correr e matar”. (REMARQUE, Erich M.) 

Salve, salve gente amiga das Ciências!

Falaremos hoje sobre uma das mais custosas e trágicas campanhas da chamada “Grande Guerra”…

A CAMPANHA DE GALÍPOLI

(abril de 1915 a janeiro de 1916)

Mal planejada, tal campanha tornou-se um dos maiores fiascos militares britânicos

Mal planejada, tal campanha tornou-se um dos maiores fiascos militares britânicos e o maior banho de sangue de toda Primeira Guerra Mundial

O objetivo era proporcionar um rápido acesso à capital turca e controlar a região que daria acesso ao Mar de Mármara, o que favoreceria o auxílio franco-britânico ao front oriental…

Com a frente ocidental paralisada pela guerra de trincheiras, ganhou corpo a ideia britânica de forçar a passagem pelos estreitos de Bósforo e Dardanelos. Em 18 de março de 1915, embarcações britânicas e francesas tentaram destruir os campos minados e as baterias de artilharia otomanas em terra, mas a ação terminou com a perda de três belonaves. O governo britânico decidiu então enviar soldados para ocupar a península de Galípoli, litoral da Turquia (Winston Churchill é apontado como o estrategista responsável pela investida).

O exército britânico dispunha somente de uma Divisão de Infantaria para a missão. O grosso de seu exército lutava nas trincheiras europeias. Os franceses também não possuíam tropas. Para o sucesso do plano quase perfeito, seria necessário mais soldados. Os franceses lançaram mão de suas colônias, principalmente na África Ocidental, convocando 18 mil homens. Os ingleses adicionaram 75 mil combatentes voluntários australianos e neozelandeses (os famosos combatentes da ANZAC – Australian and New Zealand Army Corps)  que estavam no Egito a caminho da Europa.

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Em 25 de abril, tropas da Tríplice Entente, sob o comando do general Ian Hamilton, desembarcaram em uma pequena baía a oeste da península. No entanto, tirando proveito do terreno irregular, as forças otomanas, lideradas pelo general alemão Otto Liman von Sanders, conseguiram deter os inimigos perto das praias.

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Os britânicos enviaram mais tropas e, em 6 de agosto, um novo desembarque foi tentado na baía de Suvla. A Entente precisava da vitória. Os alemães haviam acabado de derrotar os russos no front Oriental. De forma ardorosa, os otomanos, sob o comando do jovem coronel Mustafa Kemal (que posteriormente viria a ser o fundador do Estado moderno turco), detiveram os inimigos. Depois de meses de inúteis baixas, o governo britânico, por fim, admitiu o fracasso da operação.

IMPÉRIO OTOMANO BRITÂNICOS E ALIADOS
Comandante: Otto Liman von Sanders Comandante: Sir Ian Hamilton
Forças envolvidas: 630 mil soldados Forças envolvidas: 420 mil soldados
Baixas: 337 mil mortos e feridos Baixas: 220 mil mortos e feridos
VITÓRIA DOS OTOMANOS

Vale a pena lembrar: Devido a uma inexplicável mudança de rota, a maior parte dos combatentes da ANZAC desembarcou a dois quilômetros do ponto designado, no dia 25 de abril. O comandante William Birdwood conseguiu progredir no território, mas a investida foi rechaçada pelas forças turcas menos de um mês depois. Em 19 de maio, o contra ataque foi levado a cabo: 42 mil turcos contra 17 mil soldados australianos e neozelandeses. O local, que ganharia a alcunha de “ANZAC Cove”, é hoje um grande mausoléu em homenagem aos que tombaram em combate. 

Johnson's Jolly CWGC with Lone Pine Memorial 1 (600 x 398)

Sugestão de leitura:

  • KEEGAN, John. História Ilustrada da Primeira Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.
  • SOUNDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial. São Paulo: Contexto, 2014.

Sugestão de vídeo: