Uma vida saudável, além de manter suas capacidades cognitivas, quando associada ao exercício físico aeróbico, pode levar à melhora da memória.

O cérebro humano, órgão cada vez mais estudado, tem como principal característica a interação de diversas formas com o ambiente, podendo modificar-se por influência do meio. Essa capacidade é chamada neuroplasticidade.

Este foi o tema de uma palestra realizada no Rio de Janeiro, pelo Dr. Roberto Lent, neurocientista e diretor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que discutiu os efeitos do exercício físico sobre o cérebro e as diferenças entre o funcionamento cerebral de atletas paralímpicos e atletas sem deficiências.

“O ambiente pode modificar o cérebro de formas drásticas, por exemplo, a partir de um acidente ou uma doença, ou de formas sutis e benéficas, como por meio do esporte e da educação”, disse o Dr. Lent.

Estudos mostraram que o exercício físico aeróbico é capaz de alterar a composição cerebral. Por meio de exames de ressonância magnética foi possível identificar que sujeitos que praticavam exercício aeróbico de forma regular apresentavam, já a partir de seis meses de prática, um aumento no volume do hipocampo (região ligada à memória). Lembrando que esse aumento no volume ocorreu em função do aumento do número de neurônios. Os participantes melhoraram o desempenho da memória e não tinham o esporte como principal ocupação.

figura mostrando hipocampo, onde se forma os novos neurônios

Região cerebral onde acontece a formação dos neurônios. Fonte

O exercício também está associado à mudança cerebral em atletas de alto rendimento. Um estudo feito com ginastas, publicado na NeuroImage em 2013, revelou um aumento das conexões nas regiões de capacidade de movimentos (conhecido como motricidade) e atenção. Outro estudo publicado em 2015 na PLoS ONE (Hänggi e col.) com jogadores profissionais de handebol revelou aumento do volume da substância cinzenta cortical (novos neurônios) e aumento das regiões motoras.

Já em pessoas com alguma deficiência a plasticidade pode funcionar de forma diferente. Um indivíduo com deficiência visual, mesmo não enxergando, apresenta atividade na região cerebral relacionada à visão, como se ocorresse uma ‘invasão neuronal benéfica’, ou seja, a área da visão é ativada a partir da ativação das áreas da audição e do tato.

Não faltam razões para você se exercitar!

Fonte: Medscape