É bastante popular a ideia de que o lado esquerdo do cérebro seja responsável pelo raciocínio lógico e o direito pela criatividade e afins. No entanto, a ciência nunca confirmou isso.

Estudos já comprovaram que não há diferenca no número de conexões ou neurônios entre os hemisférios direito e esquerdo do cérebro, mesmo comparando pessoas, digamos, de exatas às de miçangas.

Embora o nosso cérebro demonstre uma flexibilidade e plasticidade incríveis, e ainda longe de serem compreendidas, tipicamente diferentes áreas do cérebro se “especializam” em diferentes atividades. Enquanto palavras e linguagem costumam ser processadas no hemisfério esquerdo, o lado direito possui áreas associadas com o raciocínio quantitativo.

A “vantagem” do lado esquerdo para matemática é associada com tarefas como contagem ou declamação de taboadas, as quais dependem de informações verbais memorizadas (não exatamente o que chamamos de “lógico”). E existem tarefas relacionadas ao lado direito para certos tipos de cálculo, especialmente estimar a quantidade de objetos em um grupo. Esse tipo de padrão, em que mais de uma área tem uma contribuição crítica para o processamento, é visto em quase todas as tarefas cognitivas.

Em suma, precisamos dos dois hemisférios para sermos lógicos – ou criativos.

Cérebros são fantásticos.

Cérebros são fantásticos. Queria que todo mundo tivesse um.

Em um estudo recente, neurocientistas da Jena University (Alemanha) descobriram que o processamento visual de números acontece em uma região do cérebro denominada NFA (visual number form area), ativada igualmente nos dois hemisférios.

Os pesquisadores exibiram números, letras e fotos de objetos comuns aos participantes, enquanto monitoravam sua atividade cerebral. Assim, puderam identificar claramente que a pequena área abaixo dos lobos temporais esquerdo e direito reagiu com aumento de atividade à exibição de números.

Essa região do cérebro, que envolve mais áreas, ainda é pouco acessível, devido a sua localização, cercada por ar ou estruturas que obstruem os métodos tradicionais de escaneamento. O estudo utilizou scanners de alta performance, gravando imagens tridimencionais em uma resolução extremamente alta, e ainda teve um belo trabalho melhorando e limpando as imagens.

Imagens de ressonância magnética do cérebro humano. Crédito: Jan-Peter Kasper/FSU

Imagens de ressonância magnética do cérebro humano. Crédito: Jan-Peter Kasper/FSU

A abordagem irá ajudar outros cientistas a investigar essa parte do cérebro humano, que até agora era praticamente inacessível. “Nesta região, não apenas números são processados, mas também rostos e objetos”, diz o Prof. Kovács. (Belo nome)

Fonte: Science Daily, npr