Um potencial marco legal está para acontecer nos Estados Unidos, onde uma escola foi acusada de praticar “discriminação genética” contra um aluno.

Discriminação genética

Mas o quê? Discriminação genética?

Isso mesmo. Com os testes de DNA ficando cada vez mais baratos e acessíveis, podemos esperar que casos deste tipo se tornem bem mais comuns.

O processo se refere ao caso que ocorreu em 2012, quando o aluno Colman Chadam, de 11 anos, foi intimado a se transferir da Jordan Middle School, pois carregava certos marcadores genéticos relacionados à fibrose cística. O pedido partiu de pais de outros dois alunos que sofrem de fibrose cística, uma vez que o contato entre pessoas com a condição pode ser perigoso.

Explico. A fibrose cística é uma doença crônica causada por uma mutação genética, e resulta em uma alta taxa de produção de muco em órgãos, especialmente pulmões. O muco excessivo deixa a pessoa mais suscetível a infecções, e se duas pessoas com a condição tiverem contato, a chance de transmitirem infecções entre si é relativamente alta.

No entanto, apesar dos marcadores genéticos, Colman não sofre de fibrose cística, e assim não representa “perigo” algum aos colegas, nesse sentido. (Colman disse: “Stay cool, man.” – tu dum tss)

Acho que alguém precisa prestar mais atenção nas aulas de "Azão azinho"

Acho que alguém precisa prestar mais atenção nas aulas de “Azão azinho”. Heredograma da doença.

Os marcadores só foram descobertos por conta de testes genéticos que o garoto teve que fazer devido a um problema de coração no seu nascimento. Seus pais decidiram revelar essa informação ao preencher a papelada médica para a matrícula, e isso foi divulgado para os outros pais. Então, sob a pressão dos pais de dois irmãos que sofrem da doença, a escola decidiu expulsar Colman, mas acabou permitindo seu retorno duas semanas depois.

No ano seguinte, os pais de Colman abriram um processo contra o Distrito Escolar de Palo Alto, acusando-o de discriminação genética, que alegaram estar de acordo com o Americans with Disabilities Act – Ato dos Americanos com Deficiência. O tribunal decidiu contra, entendendo que a escola agira no interesse da segurança de seus alunos.

Porém, há cerca de um mês, foi feito um apelo que ganhou apoio dos Departamentos de Justica e Educação. Se for bem sucedido, pode resultar em uma extensão do Genetic Information Nondiscrimination Act – Ato para a Não discriminação da Informação genética – que atualmente condena a discriminação genética em todos os processos relacionados a empregos e planos de saúde, mas nunca foi aplicado à educação.

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Currículo, referências, perfil genético

Como já discutido nesteneste post, cenários como o do filme GATTACA parecem estar cada vez mais realistas.

 

Fonte: Wired